quarta-feira, 25 de março de 2009

Parabéns!


Queridos alunos:


Q a graça d Deus esteja sobre tds vcs!


Sou muito grata a Deus e a vcs pelo recebimento do certificado d participação na OBLP!!!
Muito obg!!!

Em especial ao 9º ano / 2009 e ao 9º ano / 2008.


Bjs*
Profª Anerísia

sexta-feira, 20 de março de 2009

Alguns textos finalistas na OBLP

OLÁ ALUNOS!
AQUI ESTÃO ALGUNS TEXTOS "MEMÓRIAS' FINALISTAS NA OBLP!
MERGULHEM NAS HISTÓRIAS!
BEIJOS...
Pirão de pedra

Aluna: Ana Rosa Pereira Teixeira

Nasci e me criei no sítio Queira Deus, onde a tranqüilidade reinava sempre. Desde que nasci, há 85 anos, esse local passou por muitas mudanças. O lugar era pacato, as casas, de taipas, localizadas bem distantes umas das outras, e não sabíamos nem mesmo o que era energia.
Atualmente, percebo as mudanças: casas de alvenaria, energia, muita fartura, transporte para as pessoas se deslocarem de um lugar para outro etc.
Na minha vida passei por muito sofrimento juntamente com meus pais. Nossa casa, por ser muito humilde, não oferecia nenhum conforto, e, como todas as outras, também era de taipa, coberta de vara e gravatá, e o piso era de terra batida. O local onde colocávamos os objetos era uma prateleira feita com varas presas na parede; a cama era uma esteira com que forrávamos o chão, as cobertas eram as saídas da minha mãe, o fogão era três pedras no chão conhecido como o fogo de trempes.
Lembro-me com tristeza do meu irmão mais velho, que enfrentava uma jornada de trabalho pesada e passava fome. Faleceu por cima da enxada, antes de completar 20 anos.
Éramos pobres, sem direito à escola e à infância saudável. Naquela época eu e meus irmãos brincávamos com carros de sabugo e cavalo de pau. A brincadeira não durou muito porque com 8 anos tive que trabalhar na roça com meus pais, naquele sol quente, com o cheiro da vegetação, e ainda hoje meu lápis continua sendo a enxada.
Vi muitas vezes o meu irmão mais velho saindo cedo para roça, sem nenhuma alimentação, chegava só à noite e muitas vezes comia o pirão de água com farinha, e freqüentemente minha mãe colocava uma pedra na água em que fazia a comida e dizia que era para dar sabor.
Hoje muita coisa mudou, vivo com minha esposa e meu filho. Da minha infância só sinto saudades dos meus pais e alguns irmãos, hoje já falecidos, porque o restante eu gostaria de apagar da memória.

(Essa é a história de vida do sr. Manoel Felinto da Silva, que nasceu e vive no sítio Queira Deus, município de Alagoa Nova – PB.)

Simples, mas minha!

Aluna: Malena Alves da Silva

João Florindo, carinhosamente chamado de Nino, é uma daquelas pessoas que conhecem como ninguém as velhas histórias da nossa cidade. Vive sempre rodeado de gente a contar seus “causos”, e foi assim que me falou de sua infância numa época em que a cidade de Aliança era bem diferente do que é hoje.
“Eu acredito que não houve criança mais feliz do que eu. Sempre tive o que sonhei: liberdade! As ladeiras do Engenho Mata Limpa eram o palco das brincadeiras mais doces da minha infância. Quantos tombos a bordo dos carrinhos de rolimã, que eu mesmo fabricava com a ajuda de velhos amigos.
Na escola não foi diferente! O Grupo Escolar Professora Joaquina Lira, no pátio rodeado de poucas casas, algo muito diferente do que os meus olhos alcançam hoje. Como eram maravilhosas as manhãs chuvosas e nós a jogar bola naquele recreio que durava meia hora. Logo depois, os banhos no açude, descendo as ladeiras e dando cangapés – espécie de saltos ornamentais –, e a água a nos envolver, numa temperatura que mais parecia o ventre materno.
Bons tempos aqueles em que podíamos dormir sossegadamente e deixar as portas abertas e a certeza de que nada de mal aconteceria! A violência ainda não havia chegado por aqui e até mesmo os carnavais eram pacíficos e acho que eram o maior evento da nossa cidade. Era uma alegria só! O famoso mela-mela, muito comum naquela época, envolvendo a multidão num verdadeiro banho de talco, farinha, água limpa e muita alegria. A noite era coisa para gente grande: os bailes no Mercado Público, que se transformava em palco de festa. Que saudade do Boi da Milonga, que arrastava os foliões pelas ruas de barro batido!
Tudo era tão diferente! Nos domingos à tarde, as pessoas mais velhas costumavam sentar-se em frente da Igreja do Rosário – primeira de nossa cidade. Ficavam a prosear – uma grande festa! Todas as noites, lá íamos nós à velha igrejinha. Dessas longas caminhadas, tenho gravada em minha memória uma bela imagem: o céu iluminado e a lua a brilhar por trás de um coqueiro. Acho que nunca vou me esquecer de tamanha beleza. Lembro-me também com carinho da velha casa onde nasci, em frente à Prefeitura Municipal, numa rua em que não havia calçamento e a poeira subia quando passava a sopa – espécie de ônibus da época que levava as pessoas à capital.
Eram horas de viagem até Recife! Quantas viagens! Nas férias costumava ir para a casa da minha tia. A antiga estação era um movimento que só vendo! O trem, meio de transporte mais freqüente naquela época, era puxado pela maria-fumaça. A janela do trem era como um televisor de hoje. “Não tínhamos televisão e era espetacular ver a paisagem correndo ao nosso encontro e o vento a soprar um sonho de liberdade.”

(Texto escrito com base na entrevista realizada com João Florindo de Queiroz, professor, 59 anos, morador desde sempre da cidade.
Professora: Joana D’arc Gonçalves Silva Escola: Escola Dom Bosco Cidade: Aliança – PE


Lembrança de Sucuriú

Aluno: Marcone Reis Pedroso

Naquele tempo, Francisco Badaró era apenas povoado e se chamava Sucuriú. Dizem que ganhou esse nome porque, há muito tempo, quando foram procurar uma madeira para colocar numa bandeira de festa junina, encontraram um grande pau, grosso, já pintado. Ao observar, perceberam que era uma cobra sucuri. Outros dizem que é por causa do rio Sucuriú que corta a cidade. Ele é sinuoso como uma cobra.
Lembro-me de que a feira era realizada aos domingos na Praça Monsenhor Bernardino, ao lado da Casa Santa Luzia. A igreja da matriz já não é a mesma. Ela era muito diferente, tinha duas torres, e nas missas os homens ficavam separados das mulheres. As casas eram de adobe, barro amassado e comportado numa forma quadrada. Elas eram feias e mal construídas. A cidade não possuía água encanada, também não havia energia elétrica, mas com o tempo passou a ter luz no motor até a eletrificação chegar. Comia-se o que plantava e plantava-se na beira do rio. Colhiam-se arroz, feijão, milho, cana, algodão e hortaliças. Da cana faziam-se a rapadura, a garapa e o melado, e do algodão, o cobertor.
Naquela época, buscava-se água no rio Sucuriú para cozinhar, beber e tomar banho. Tudo num pote de barro. Limpava arroz no pilão – um pedaço de madeira com um buraco no centro – com a mão-de-pilão – pau usado para socar.
Nas margens do rio Sucuriú as pessoas procuravam ouro, usando uma bateia – instrumento no qual se lavava o cascalho.
A vida era muito tranqüila, andava-se a cavalo ou a pé, porque não existiam estradas, nem carros e motos. Tão diferente de hoje! As ruas da cidade não eram calçadas. Havia uma calçada larga das casas de um lado e do outro da rua e no meio era terra.
Antigamente, tudo era festejado. Os casamentos, os terços, os bailes, os noves – dança folclórica da região –, as brincadeiras de roda eram celebradas por adultos e crianças. Não é como agora, hoje as pessoas têm vergonha de seguir suas culturas.
O modo de se vestir era outro. As mulheres vestiam uma saia bem grande de algodão e uma camisa de manga comprida. Os homens vestiam uma calça comprida, um paletó e um chapéu na cabeça.
Os namoros eram tímidos. O rapaz, quando ia à casa da namorada visitá-la, não sentava perto dela e o pai não saía dali. Só quando o moço ia embora.
Quase não se ia à escola. Os filhos começavam a trabalhar cedo e nem podiam estudar. Aqueles que freqüentavam a escola sofriam muito, pois iam a pé e às vezes chegavam atrasados. A merenda não era boa. A professora castigava e batia com vara naqueles que desobedeciam. O ensino não era de boa qualidade.
A minha vida hoje é mais fácil do que antigamente, já sou aposentado. Sucuriú cresceu e hoje se chama Francisco Badaró, mas o rio não corre mais e as lavouras não produzem. Por mais sofrida que tenha sido a vida de antigamente, nunca esquecerei. Fico com saudade daquele tempo e às vezes me emociono. O que passou ficará na minha memória para sempre.


Autor: Marcone Reis Pedroso
Nome do entrevistado: José Gonçalves Reis, nascido em 5/2/1932
Idade: 76 anos
Profissão: lavrador
Localidade: Cachoeira – Francisco Badaró/MG
Professora: Adna Figueiró Duarte Escola: E. E. Cônego Figueiró Cidade: Francisco Badaró – MG

Lá onde o vento faz a curva

Aluna: Caroline Souza de Freitas

Era uma manhã quente do mês de julho. Abri a janela do meu quarto, olhei as crianças que brincavam em frente a minha casa. No mesmo instante foi como se tivesse passado um filme na minha memória.
Lembrei-me de que no rio que cortava a cidade pessoas banhavam-se e lavavam roupas. Os barcos pequenos atracavam onde hoje se encontra a praça de táxi. Era tudo muito verde: os pastos, gramados e capoeiras. Tudo isso se misturava com a cidade. Em meio ao verde refrescante lojas e edifícios aumentavam o calor deste lugar.
Naquele tempo as notícias eram a especialidade de Zezinho Caçote. Ele passava as 24 horas do dia com o rádio a pilha sintonizado na BBC de Londres, na Voz da América, e na Rádio Globo. E nada escapava aos ouvidos desse senhor que perambulava pelas ruas da cidade com o rádio apoiado no ombro. Além de dar as notícias do Brasil e do mundo, Zezinho se comprazia em encher o interlocutor de perguntas intrigantes: “Sabe o que é guerra fria?”, “Os russos ainda têm muitas ogivas nucleares?”. Mas, quando o negócio era a previsão do tempo, os moradores recorriam ao Deodato, o carregador de água, que dizia: “Amanhã vai chover”. E, se alguém no dia seguinte vinha cobrar a chuva que não caíra, ele não se dava por derrotado, respondia dizendo que de fato não chovera, mas com certeza o temporal havia atingido as cabeceiras dos rios.
Os meios de transporte mais utilizados eram o carro de boi, cavalos, canoas e as chatas – tipo de barco que transportavam as borrachas dos seringais para os centros de comercialização. Para se comprar carne no único mercado era uma luta, as pessoas tinham que chegar de madrugada e deixar uma cesta amarrada numa corda chamada “cobrinha” e torcer para ainda haver carne no momento de ser atendido.
Toda noite nos reuníamos e os mais velhos contavam histórias de assombrações, reis, rainhas e de fantasmas.
Antigamente, havia a brincadeira do bumba-meu-boi, ocasião em que as pessoas se divertiam e as crianças morriam de medo dos caretas, que eram os homens mascarados.
Naquela época, as festas eram a especialidade do Ibianez. Foi ele o introdutor da festa do boi-bumbá e da marejada em Cruzeiro do Sul.
Negro, forte, atarracado, o Ibianez alegrava as famílias batendo de porta em porta com seus versos ritmados de marujo. Festa com ele só tinha hora pra começar.
Ah, como eu tenho saudade desse tempo! Esses acontecimentos eram propícios para encontros de amigos e namorados. Ali ninguém tinha maldade no coração, só queríamos nos divertir.
Antes da chegada da televisão, em meados da década de 1970, o dia-a-dia da minha cidade era mais interessante. E se falo da televisão é porque até a chegada desse aparelho os moradores compartilhavam nas janelas, praças e calçadas suas angústias, alegrias e conhecimento com muito mais intensidade.
De repente, o telefone tocou e voltei aos dias atuais. Lembrei-me de que estou no século XXI. Vejo ônibus, carros de luxo, internet, televisão colorida, previsão de tempo na TV, queimadas, rios secando, árvores tombando, o ar sujo, o vento sem frescor, a fome na periferia.
Também vejo um pouco de amor, solidariedade, homens que se respeitam e se ajudam.
Estou hoje com 51 anos e sempre me lembrarei da minha cidadezinha, que ficou “lá onde o vento faz a curva”, e contagia a todos, já que nem tudo está perdido.


(Texto escrito com base na entrevista realizada com dona Edileuza Soares, 57 anos,
moradora da cidade de Cruzeiro do Sul – Acre.)Professora: Ana Lima Cordeiro Gomes Escola: Escola São José Cidade: Cruzeiro do Sul -AC